quarta-feira, 28 de março de 2012

Dias Iguais

Carlos Drummond de Andrade


Acordar, viver


Como acordar sem sofrimento?

Recomeçar sem horror?
O sono transportou-me
àquele reino onde não existe vida
e eu quedo inerte sem paixão.


Como repetir, dia seguinte após dia seguinte,

a fábula inconclusa,
suportar a semelhança das coisas ásperas
de amanhã com as coisas ásperas de hoje?


Como proteger-me das feridas

que rasga em mim o acontecimento,
qualquer acontecimento
que lembra a Terra e sua púrpura
demente?
E mais aquela ferida que me inflijo
a cada hora, algoz
do inocente que não sou?


Ninguém responde, a vida é pétrea.


 Sugiro assistir o Video com a música, O Tempo não pára - Cazuza. Preste atenção na frase: "Eu vejo o futuro repetir o passado /Eu vejo um museu de grandes novidades".

Como você se sente? A mudança é possível ser alcançada? Como?

 

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