quarta-feira, 28 de março de 2012

“A responsabilidade de ter olhos quando os outros os perderam”  (José Saramago - Ensaio sobre a cegueira)

Dias Iguais

Carlos Drummond de Andrade


Acordar, viver


Como acordar sem sofrimento?

Recomeçar sem horror?
O sono transportou-me
àquele reino onde não existe vida
e eu quedo inerte sem paixão.


Como repetir, dia seguinte após dia seguinte,

a fábula inconclusa,
suportar a semelhança das coisas ásperas
de amanhã com as coisas ásperas de hoje?


Como proteger-me das feridas

que rasga em mim o acontecimento,
qualquer acontecimento
que lembra a Terra e sua púrpura
demente?
E mais aquela ferida que me inflijo
a cada hora, algoz
do inocente que não sou?


Ninguém responde, a vida é pétrea.


 Sugiro assistir o Video com a música, O Tempo não pára - Cazuza. Preste atenção na frase: "Eu vejo o futuro repetir o passado /Eu vejo um museu de grandes novidades".

Como você se sente? A mudança é possível ser alcançada? Como?

 

domingo, 25 de março de 2012

Professor: profissão AMOR.

Normalmente, quando debato sobre Educação, saio em defesa dos Professores. Péssimas condições de trabalho, descaso dos pais, má remuneração ( acredito que não seja esse o principal motivo  para melhoria da Educação), violência, entre outros. 

Contudo, é necessário externar a revolta aos profissionais que desacreditam na mudança pela Educação, culpabilizam as crianças, pais e sociedade pelo fracasso escolar. Ao menos, tem a capacidade de refletir que as crianças não nascem sabendo e que é a sociedade responsável pela sua existência física,social e psicológica. Dessa forma, fruto de nós mesmos. 

É angustiante ouvir professores atribuindo esteriótipos negativos às crianças que normalmente estão repetindo comportamentos reproduzidos pelas pessoas no qual convivem diariamente. 

Alguns exemplos dessa triste história faço questão de descrever: Associar os comportamentos transgressores das crianças às ações ilícitas exercida pelos pais, apelidar de maneira ofensiva os alunos, negligenciar atenção, afirmando que tal criança não tem jeito, entre outros. Se um médico fizesse a mesma coisa, quando um caso parecesse difícil de resolver,você aprovaria essa atitude?

Sinceramente, algumas vezes senti impotência em criar estratégias adequadas para que determinados alunos prestassem atenção e aprendessem na mesma velocidade dos outros, no entanto, o professor que espera que todos os alunos têm que aprender com uma única metodologia, deveria rever os conceitos e atualizar a biblioteca, ou procurar uma profissão que não exija tanta dedicação e empenho. Mesmo não sabendo lidar com a situação, nunca deixei de acreditar e assumir a incapacidade momentânea de subsidiá-lo com o melhor, contudo, aquilo que ofereci foi o melhor que pude oferecer.

As crianças precisam de AMOR, CARINHO, AMIZADE, SINCERIDADE, CASTIGOS e de alguém que lhe diga NÃO, desde que seja algo significativo.



Quando uma criança se torna agressiva e desobediente, ela sabe o que as pessoas pensam sobre isso. Quando uma pessoa  age de forma acolhedora, está sendo criado neste momento um espaço para reflexão e para o diálogo. Esse tipo de postura garante a criança a certeza de que pode contar com o professor, possibilitando aos dois um momento de aprendizagem significativa.


 


 


 

Apesar das dificuldade enfrentadas é preciso agir prontamente para que as crianças não desequilibrem e sigam em frente, nessa corda bamba chamada Brasil de contrastes.


 

sexta-feira, 23 de março de 2012

O que está acontecendo conosco?

Ás vezes me pergunto, se existe alguma razão lógica para que eu nascesse neste tempo. É incrível como a história escrita nos livros  dá a sensação nostálgica de que as coisas aconteceram numa velocidade diferente do que realmente foi. E angustia saber que no tempo presente as mudanças são demoradas. As revolução, guerras, greves, ditadura, redemocratização, entre outros, traz à tona uma sociedade construída por lutas e que fazem parte de nossa história pessoal. Alguns podem perguntar, como assim, nossa história? Tenho apenas 20 anos. Todavia, se observarmos o contexto maior nos faremos entender que nossa educação teve como pilar a experiência dos nossos pais que consequentemente herdaram dos nossos avós. Então o que explica o desinteresse generalizado dos jovens no que tange a política e cidadania? 
Há mais de 2000 anos, Aristóteles escreveu que "o homem é um animal político", esse conceito perdura até hoje, pois abrange todas as outras definições, já o "termo cidadania tem origem etimológica no latim civitas, que significa "cidade". Estabelece um estatuto de pertencimento de um indivíduo a uma comunidade politicamente articulada." Brasil Escola
Dessa forma, pode-se concluir que: ou nosso pais nos educaram mal ou não aprendemos nada com nossos antecessores. Visto que a transmissão de conhecimento de geração em geração é o motivo no qual nos tornamos uma civilização organizada e inventiva, não se pode regredir ao ponto de negar a história dos cidadãos que derramaram  sangue para lavar nossa pátria de diversas investidas de ascender o poder de forma autoritária e anti-democrática. Com muita luta foi conquistado o sufrágio universal, garantia de que todas as pessoas tenham direito ao voto, no entanto essa conquista parece não representar nada para muitos. 

Questão para refletirmos:

O que ocorreu nesse meio tempo para que a juventude não tenha motivação para participar?

Os pais esqueceram de ensinar essa nobre lição?

Lutar pela vigência plena da democracia e o direito a cidadania é um assunto para se discutido hierarquicamente?




quinta-feira, 15 de março de 2012

Frase do Dia - Clarice Lispector



 

Vivemos assim, alienados a modismo e esteriótipos estrangeiros. Escravizados psicologicamente. Achamos que fazemos as coisas por nossa real vontade, na verdade não o deixa de ser, contudo, a cultura capitalista nos faz acreditar numa realidade supérflua. 
Alguns Psicólogos Evolucionistas afirmam que a pior escravidão não é física, no qual um indivíduo força um outro fazer o que ele deseja através da força, e sim a psicológica, no qual a pessoa age como se estivesse agindo de forma autônoma, contudo, não percebe que foi alienada a fazer o que o outro quer.

É preciso para e pensar: 
O que estamos fazendo de nós mesmos?

A Família e suas vicissitudes


Por: Ueliton Santos de Andrade

É do conhecimento de muitos que a família tem sido nos últimos anos objeto de estudos dos cientistas, pois se entende que é neste espaço que acontece os maiores fatos que definem a personalidade dos sujeitos e a forma como a sociedade estará estruturada
Reis (2006, p. 99) “argumenta que ao mesmo tempo em que sob, alguns aspectos, a família, mantém inalterada, apresenta uma gama de mudanças”.  Algumas correntes ideológicas compreendem a família como um sistema fechado, e que assim deve permanecer, pois se entende que esta deve permanecer inalterável e que a sociedade que a corrompe. Outras pensam o contrário: “[...] a instituição familiar deve ser combatida, pois representa um entrave ao desenvolvimento social; é algo exclusivamente nocivo, é o local onde as neuroses são fabricadas e onde se exerce mais implacável dominação sobre as crianças e as mulheres (REIS, 2006, p. 99).
Destarte, percebe-se que a família tanto pode ser tornar agente que proporciona a formação de uma pessoa saudável como pode produzir o sujeito alienados e doentes. Ou seja, sabe-se que os padrões de comportamento nas famílias têm mudado ao longo dos anos de forma abrupta, pode se mencionar aqui, que a comunicação é um dos fatores que desencadeou este processo.
Sabe-se que antes da ascensão da televisão as famílias mantinham-se ligadas fraternalmente e de certa maneira isoladas de outros padrões de comportamento, predominava ali, a autoridade dos pais, todo afeto, aprendizado emanavam neste grupo fechado, e não era de forma alguma, contaminada por outros padrões de comportamento (TEIXEIRA; FROES e ZAGO, 2006).
No entanto, quando a televisão “entrou em cena’, a autoridade dos pais pouco a pouco vai sendo minada, pois o papel de educador passa e ser de responsabilidade dos meios de comunicação, que neste momento passa a ditar as regras do que é certo do que é considerado errado. Não demorou muito tempo e surge a internet, um a agente mais veloz que a televisão, onde se circula milhões de informações em tempo real, que produz mudanças bruscas na sociedade, pois além de seu poder de alcance não ter fronteiras, acabam alcançando todas as comunidades, classes e níveis de faixa etária,
Não se sabe dizer com segurança qual será o destino das famílias, pois os relacionamentos familiares têm sido muito fracos afetivamente, os papeis sociais tem sido invertida, a comunicação não flui de maneira normal, pois entre as pessoas agora existe a maquina, que passa a ditar as regras, os membros familiares não preocupam em manter o grupo coeso, passam a reproduzir a ideologia do capitalismo, ou seja, cada um responsável por si próprio, pela felicidade ou infelicidade, o vinculo afetivo não é mais constante.
Embora, por um lado as informações tenham ajudado o homem a dominar a natureza, produzir mais com menos esforço, se locomover sem grande perda de energia e de tempo, por outro lado a sai perdendo, pois o núcleo base da sociedade vem sofrendo com tamanhas mudanças, com as quais não tem tido tempo de se adaptarem, haja vista que se demoram gerações constituírem um grupo familiar saudável. Infelizmente a ver-se que a cada dia a sociedade tem ficado disfuncional, um desconexo; como se fosse um efeito dominó, perde a família, perdem os indivíduos que constituem esta família e perde a sociedade por inteiro.
Baseado no que foi exposto acima, espera-se que na mesma velocidade que o homem trabalhou para facilitar a sua comodidade, possa também desenvolver métodos que possam recuperar os danos causados a família, e ao criar novas tecnologias pensem por primeiro nas famílias, preservando assim de danos irreversíveis em sua estrutura.
 Para acessar mais texto de Ueliton Andrade acesse:http://webartigos.com/autores/Uelitonzullu/

REFERÊNCIAS 
TEIXEIRA, Ana Tereza Jacinto; FROES, Rafael de Carvalho; ZAGO Elaine Cristina.  A comunicação e o relacionamento na família atual em virtude dos novos tempos. Disponível em: <http://www.facef.br/rec/ed01/ed01_art01.pdf>. Acesso em: 10 de out. de 2011
 REIS, José Roberto Tozoni. Família, emoção e ideologia. In: LANE, S. T. M & CODO, W. (Orgs).Psicologia social: o homem em movimento. São Paulo: Brasiliense, 2006. p. 99-124.

quarta-feira, 14 de março de 2012

Poesia do Dia


    Amar
Que pode uma criatura senão,
entre criaturas, amar?
amar e esquecer,
amar e malamar,
amar, desamar, amar?
sempre, e até de olhos vidrados, amar?

Que pode, pergunto, o ser amoroso,
sozinho, em rotação universal, senão
rodar também, e amar?
amar o que o mar traz à praia,
e o que ele sepulta, e o que, na brisa marinha,
é sal, ou precisão de amor, ou simples ânsia?

Amar solenemente as palmas do deserto,
o que é entrega ou adoração expectante,
e amar o inóspito, o áspero,
um vaso sem flor, um chão de ferro,
e o peito inerte, e a rua vista em sonho, e uma ave de rapina.

Este o nosso destino: amor sem conta,
distribuído pelas coisas pérfidas ou nulas,
doação ilimitada a uma completa ingratidão,
e na concha vazia do amor a procura medrosa,
paciente, de mais e mais amor.

Amar a nossa falta mesma de amor, e na secura nossa
amar a água implícita, e o beijo tácito, e a sede infinita.
Carlos Drummond de Andrade © Graña Drummond
Na íntegra em:http://www.memoriaviva.com.br/drummond/poema033.htm

Salário dos professores não resolve problema de qualidade da educação, dizem especialistas


Suellen Smosinski
Do UOL, em São Paulo

A CNTE (Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação) organizou uma paralisação nacional entre hoje (14) e sexta-feira (16) para exigir o cumprimento da Lei do Piso. O novo valor anunciado pelo MEC (Ministério da Educação) é de R$ 1.451. O protesto também defende um maior investimento público em Educação. Segundo especialistas ouvidos peloUOL, o aumento do salário dos docentes é apenas um dos fatores que influenciam na melhora da educação e deve vir acompanhado de outras práticas para a valorização do ensino.
“O professor tem que receber mais, mas só isso não basta. Seria importante que junto com o incentivo econômico acontecessem outras iniciativas. Tem que ter piso, mas tem que ter pedagogia”, afirmou Francisco Soares, professor da UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais) e coordenador do Grupo de Avaliação e Medidas Educacionais na mesma instituição.
Segundo ele, estudos mostram que a relação entre gastos com educação e aprendizado do aluno é pequena, como “qualquer outro fator isolado”. “Temos que pagar mais para os professores não porque vai gerar por si só melhor desempenho, mas é um dos elementos”, disse Soares.
O professor José Marcelino de Rezende, da USP (Universidade de São Paulo) de Ribeirão Preto, também aponta o salário dos professores como uma das variáveis que contribuem para a qualidade da educação e que, por isso, deve ser mais valorizado: “Eu acho que a gente deve dobrar em média o salário do professor no Brasil, para tornar a profissão mais atrativa. Se eu quero atrair bons profissionais, tenho que gastar mais com salários”. O docente contou que muitos de seus  alunos da USP acabam indo para outras profissões depois de formados, pois conseguem salários melhores em outras atividades, como em bancos, por exemplo.

Quem paga o piso?


Os professores do Distrito Federal, que são os mais bem pagos do país (R$ 2.314), entraram em greve na última segunda-feira (12). Uma das razões da paralisação é o não cumprimento da equiparação salarial com outras carreiras de nível superior do GDF (Governo do Distrito Federal). O acordo para a isonomia foi feito em abril de 2011, entre o Sinpro (Sindicato dos Professores do Distrito Federal) e o governo.

No Piauí, em Goiás e em Rondônia os professores também estão em greve.

Ideb x Piso

Os professores da rede estadual do Rio Grande do Sul são os que recebem o menor salário do país: R$ 791 para uma carga horária de 40 horas semanais – o novo valor do piso é R$ 1.451. Já a avaliação do Estado no Ideb (Índice de Desenvolvimento da Educação Básica) é uma das dez melhores do Brasil. Em contrapartida, o Amazonas paga um valor acima do piso para seus docentes (R$ 1.905) e não apresenta bons índices na avaliação.
Marcelino afirma que dados como o Ideb devem ser usados com cuidado para avaliar a qualidade da educação nos Estados e Municípios. “No Brasil, o desempenho dos alunos está muito ligado com a condição socioeconômica das famílias. O capital cultural e a escolaridade dos pais interfere diretamente nas notas”, disse.
Ideb é a "nota" do ensino básico no país. Numa escala que vai de 0 a 10, o MEC (Ministério da Educação) fixou a média 6, como objetivo para o país a ser alcançado até 2021.

O indicador é calculado a partir dos dados sobre aprovação escolar, obtidos no Censo Escolar (ou seja, com informações enviadas pelas escolas e redes), e médias de desempenho nas avaliações do Inep (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira), o Saeb - para os Estados e o Distrito Federal, e a Prova Brasil - para os municípios.

Criado em 2007, o Ideb serve tanto como dignóstico da qualidade do ensino brasileiro, como baliza para as políticas de distribuição de recursos (financeiros, tecnológicos e pedagógicos) do MEC. Se uma rede municipal, por exemplo, obtiver uma nota muito ruim, ela terá prioridade de recursos.

VEJA A COMPARAÇÃO IDEB X SALÁRIO

EstadoPiso para 40 horas/semanaIdeb 5º ano EFIdeb 9º ano EFIdeb 3º ano EM
RSR$ 791,004,94,13,9
APR$ 1.085,003,83,63,1
SCR$ 1.187,005,24,54,1
ROR$ 1.187,004,33,53,7
ACR$ 1.187,004,34,13,5
SER$ 1.187,003,83,23,2
RNR$ 1.187,003,93,33,1
ALR$ 1.187,003,72,93,1
PIR$ 1.187,004,03,83,0
PER$ 1.188,004,13,43,3
BAR$ 1.188,003,83,13,3
PRR$ 1.224,005,44,34,2
PAR$ 1.244,003,63,43,1
CER$ 1.270,004,43,93,6
TOR$ 1.330,004,53,93,4
MAR$ 1.357,003,93,63,2
PBR$ 1.384,003,93,23,4
GOR$ 1.460,004,94,03,4
MSR$ 1.490,004,64,13,8
RJR$ 1.732,004,73,83,3
MTR$ 1.749,004,94,33,2
MGR$ 1.870,005,64,33,9
SPR$ 1.894,005,54,53,9
AMR$ 1.905,003,93,53,3
RRR$ 2.142,004,33,73,4
DFR$ 2.315,005,64,43,8
ESNÃO INFORMOU5,14,13,8
Fonte: levantamento feito pela Folha de S.Paulo em 5.mar